
Apesar da ausência de heróis na memória dos brasileiros, agravada pela tímida atenção que recebem dentro das salas de aula e nos livros escolares, algumas figuras ilustres se destacam e parecem ter seus feitos históricos bem claros para a maioria dos cidadãos. É o caso de Tiradentes – herói com direito a feriado nacional, o que torna mais fácil a sua memorização e valorização.
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O fim da vida de Joaquim José da Silva Xavier, que viveu no século XVIII lutando pela independência do Brasil em meio à dominação dos portugueses, remete a questões relacionadas à impunidade que observamos ainda hoje no país. Quando a Inconfidência Mineira foi delatada, em 1789, por Joaquim Silvério dos Reis, seu líder Tiradentes não contava com influências políticas ou econômicas suficientes para reduzir a sua pena. Alguns filhos da aristocracia foram condenados a penas mais brandas quando houve o julgamento dos inconfidentes em 1792. Os castigos podiam ser, por exemplo, o açoite em praça pública ou o desterro. A Tiradentes – e apenas a ele, entre todos os membros da Inconfidência – restou a execução, em 21 de abril de 1792, e ainda a exposição de partes de seu corpo em postes da estrada que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais. Sua casa foi queimada, seus bens foram confiscados e seus descendentes foram declarados infames.
Se ainda hoje nota-se e protesta-se contra o tratamento vip dado a presos que têm boas condições financeiras ou influências – ou ambos – em outros quesitos o Brasil atual é bem diferente da terra habitada por Tiradentes. Ele nasceu em 1746 na Vila de São João Del Rey, hoje a cidade mineira que leva o seu apelido – Tiradentes – e foi criado em Vila Rica – hoje Ouro Preto. Nessa época não havia no país constituição nem o direito de desenvolver indústrias em território brasileiro, e os impostos cobrados do povo pela metrópole eram extorsivos e provocavam revolta.
Tiradentes ficou órfão cedo, aos 11 anos. Trabalhou como mascate, pesquisou minerais e foi médico prático. Diz-se que tinha a habilidade de extrair dentes e colocar novos que ele mesmo fazia. Como militar, pertenceu ao Regimento dos Dragões de Minas Gerais. No posto de alferes comandava uma patrulha de ronda do mato, prendendo ladrões e assassinos.
A conspiração representada pela Inconfidência Mineira agregou militares, escritores de renome, poetas famosos, magistrados e sacerdotes e, influenciada pela independência dos Estados Unidos em 1776, tinha como principais idéias proclamar uma república independente, com a abolição imediata da escravatura; construir uma universidade; promover o desenvolvimento da educação para o povo e outras reformas sociais. O movimento planejava chamar o povo para protestar no dia em que o governo fizesse a chamada derrama – nome dado à cobrança de impostos – mas não chegou a se concretizar, devido à traição de Joaquim Silvério dos Reis, que se passou por companheiro para denunciar o grupo.
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Tiradentes, hoje |
Ouro Preto, hoje |
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