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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Polícia sul-africana mata 30 mineiros em confronto sindical


África do Sul
Trabalhadores estão em greve. Outras 10 pessoas já morreram em conflitos
Corpos de mineiros no chão: conflito sindical na África do Sul termina em tragédia
Corpos de mineiros no chão: conflito sindical na África do Sul termina em tragédia (Siphiwe Sibeko/Reuters)Um grupo de mineiros grevistas foi baleado nesta quinta-feira pela polícia na mina de platina da companhia Lonmin, em Marikana, na África do Sul. O ministro da Segurança (Polícia), Nathi Mthethwa, admitiu que ao menos 30 trabalhadores morreram no confronto – 12 mortos haviam sido relatados anteriormente.
O episódio é mais um capítulo de um conflito entre dois sindicatos e a polícia, no qual outras dez pessoas já morreram desde o domingo passado – a greve dos mineiros começou na última sexta-feira. As chocantes imagens da operação policial foram exibidas pela TV sul-africana. Nelas, a polícia atira contra um grupo de manifestantes, que caem em meio a uma nuvem de poeira.
O presidente da mineradora Lonmin, uma estatal inglesa, atribuiu à polícia a responsabilidade pelos sangrentos confrontos. "A polícia sul-africana estava encarregada da ordem e da segurança no local desde o início da violência entre sindicatos rivais, no final de semana", assinalou Roger Phillimore em um comunicado publicado na noite desta quinta-feira. "É claro que deploramos profundamente estas mortes, o que constitui claramente uma questão de ordem pública acima do conflito social".
Apelo – O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, disse que estava "chocado e consternado com essa violência sem sentido". Ele ainda fez um apelo pelo fim dos conflitos. "Apelamos ao movimento operário e à empresa para trabalhar com o governo para deter a situação antes que ela se deteriore ainda mais", declarou Zuma."Eu instruí as autoridades policiais para fazer todo o possível para colocar a situação sob controle e responsabilizar os perpetradores da violência", completou o presidente.Manifestação – Na manhã desta quinta-feira, centenas de mineiros armados com porretes, barras de ferro e machados se reuniram na entrada da mina para exigir melhores salários. Durante o dia, a direção da companhia ameaçou despedir os grevistas que não retornarem ao trabalho nesta sexta-feira.
De acordo com testemunhas, os manifestantes jogaram bombas caseiras nos policiais. Na tentativa de dispersar o protesto, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo e disparou balas de borracha – não está claro por que ocorreram os tiros com munição real. Após os disparos, a TV sul-africana mostrou policiais com coletes a prova de balas observando homens caídos no chão, vários dos quais provavelmente mortos. Mais tarde, a polícia alegou "legítima defesa" para efetuar os disparos.
O incidente está ligado à luta pelo poder entre o tradicional Sindicato Nacional dos Mineiros (NUM) e o recém-formado Sindicato das Associações de Mineiros e da Construção (AMCU), que exige um reajuste salarial de 12.000 rands (o equivalente a cerca de 3.000 reais), o dobro do que os trabalhadores ganham atualmente. Oito meses atrás, eles concordaram com um aumento de 10%, mas o novo sindicato não aceita a proposta.

Siphiwe Sibeko/Reuters
Trabalhadores da mina de Marikana, na África do Sul, exibem armas improvisadas durante protesto
Trabalhadores da mina de Marikana, na África do Sul, exibem armas improvisadas durante protesto
(Com agência France-Presse)

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