Quanto vale o show? De meio século? Difícil dizer. A longevidade do midas da TV brasileira está diretamente ligada a sua capacidade de reinvenção. Silvio Santos é o mesmo de sempre e, ao mesmo tempo, não é mais.
O baú do Silvio
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Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar pela TV Paulista, que foi comprada por Roberto Marinho naquele ano
O cara que mostrou para a TV a importância da programação de domingo é narciso da própria imagem na tela.
Silvio, que já comandou horas de programa em um único dia, ainda quer reinar absoluto. É um dos líderes de audiência do seu SBT, que já foi o vice-líder com mais folga em outros tempos.
Homem de vendas, de circo, de rádio, SS foi estrela grande na Globo, pequena para seus anseios empresariais. Dos infantis aos reality shows, passando por programas de auditório, de calouros, de namoro, concursos de miss e games, SS já se lançou em tudo na TV.
O homem que quis ser presidente nunca teve muitos amigos, mas criou uma legião de "colegas" de auditório.
De Las Vegas vieram os nada discretos cenários de suas atrações. Das férias nos EUA trouxe os seus mais populares programas, pelos quais não pagava --até os processos por plágio virarem moda por aqui. Quase perdeu a tão imitada voz e criou um companheiro de locução sem rosto, o saudoso Lombardi.
Confinou artistas cercados por câmeras quando a TV brasileira ainda sonhava com um zoológico de desconhecidos. Seguiu jogando aviõezinhos de dinheiro enquanto um Boeing levou-lhe embora um banco inteiro.
Mas a famosa risada sabe renovar ibope quando a piada é ele mesmo. Silvio já beijou Gilberto Gil na boca, afundou em um tanque de água e ficou sem calças em rede nacional. Caiu de um jegue, apertou o peito de uma colega de auditório e perguntou para Carla Perez, com a ignorância ensaiada de sempre, se ela tinha ensino fundamental. SS cantou e esculhambou as pessoas no ar, com democracia total.
A suposta senilidade é o chantili desse bolo de provocações que ele sempre despejou na TV.
Silvio não está gagá ou caduco. Está mais livre para dizer o que lhe vem à cabeça de patrão, apresentador e rei da comunicação.
Talvez mais vigiado por uma internet que eterniza seus divertidos deslizes, Silvio é um comediante de "stand-up" nato. Suas "pérolas" recentes são só mais uma volta desse colar que ele criou e que enfeita nosso pescoço de telespectador há anos.
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