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terça-feira, 31 de julho de 2012

Jovem deixa a casa da mãe e monta barraca na calçada na região central de SP

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Maltrapilho, 53 kg, pontas dos dedos queimadas, o jovem dorme em plena tarde na esquina das ruas Baronesa de Itu e Barão de Tatuí, em Santa Cecília (região central de São Paulo).
A descrição remete imediatamente aos sem-teto que perambulam pela cidade em busca de crack ou cachaça.
Mas o que difere Tiago Henrique Moreno Lopes, 23, dos demais moradores de rua da região é a barraca montada na calçada.
Jovem de classe média, deixou a casa onde vivia com a mãe e duas irmãs na região de Osasco (Grande São Paulo) para buscar emprego e liberdade na região central.
Porém, experimentou o crack e foi parar nas ruas.
Estevam Avellar/TV Globo
Tiago Henrique Lopes, 23, na barraca onde mora, na região central de São Paulo; ele deixou a casa da mãe em Osasco
Tiago Henrique Lopes, 23, na barraca onde mora, na região central de São Paulo
Dentro da tenda, uma bíblia, uma blusa, duas calças, um par de tênis, lençóis, um cobertor e uma vassoura.
Dia sim, dia não, Tiago varre o entorno. "Me liberaram o espaço e me dão comida. Minha contrapartida é deixar tudo limpo", disse à Folha.
Ele vive ali há cerca de um ano. Por conta do vício, abandonou o emprego de atendente numa livraria, perdendo a renda com a qual pagava o aluguel numa pensão.
"Comecei a dar rolê e me perdi." Usa crack? "Não, no momento. Mas sou viciado."
Tudo o que tem, ganhou dos "amigos" da vizinhança. A moradora do prédio deu a barraca, o funcionário da oficina deu a blusa.
"Às vezes eu acordo e alguém me traz um marmitex. Sou tranquilo, não incomodo e eles me ajudam".
"O menino é gente fina. Não aborda ninguém. É na dele", disse o torneiro mecânico Carlos Alberto Trigo, 55, que trabalha na oficina onde Tiago costuma tomar banho. Ele não se junta a outros sem-teto. "Prefiro só eu e Deus".
Já foi convidado por assistentes sociais para ir a um albergue. Meses atrás, foi abordado pela mãe, que o convenceu a ir para uma clínica.
Após 15 dias, estava de volta à mesma esquina."Não gostei. Quero voltar para casa. Mas antes tenho que me acertar com minha mãe".

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