Papa eleito é quem escolhe o nome que adotará no seu pontificado
Após ser eleito para comandar a igreja Católica, é o próprio papa quem escolhe o nome que passará a adotar dali por diante e pelo qual será conhecido no mundo todo.
O cardeal alemão Joseph Ratzinger, que renunciou ao papado em 28 de fevereiro, quando eleito papa, em 2005, tornou-se Bento 16. Seu antecessor, o polonês Karol Wojtyla, era chamado de João Paulo 2º.
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O novo papa pode optar por um nome que já foi usado por um dos mais de 200 papas que já existiram na igreja Católica ou simplesmente escolher um novo nome.
Então, se escolher pela adoção do nome de algum antecessor, o novo papa precisará adicionar um número após o nome, para distingui-lo dos demais. Assim, o "16" depois de Bento significa que houve outros 15 papas que adotaram esse nome anteriormente.
"A escolha depende única e exclusivamente da vontade do pontífice. Ele decide e comunica aos cardeais como quer ser chamado", afirma Valeriano dos Santos Costa, diretor da faculdade de teologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Na história recente da Igreja Católica, muitos papas têm homenageado apóstolos de Jesus, como João ou Paulo, ou uma junção de dois, como João Paulo. "O critério é bastante pessoal. A escolha é baseada na figura papal na qual o novo eleito se inspira", explica Paulo Bosco, mestre em direito canônico e professor da Universidade Católica de Brasília.
"João Paulo 2º, por exemplo, se identificava com João Paulo 1º, conhecido pela humildade e por ser uma pessoa afável. Serviu ainda como uma homenagem, já que João Paulo 1º foi papa por apenas um mês e morreu em seguida."
Nome costuma indicar perfil que papa dará ao seu pontificado
Além de afinidade, o nome pode ser um indicativo do perfil que o eleito deseja imprimir ao seu pontificado. "No caso do João Paulo 2º, ficou claro que ele pretendia seguir a condução de seus antecessores, João 23, Paulo 6º e João Paulo 1º, que pregavam uma reforma cautelosa na Igreja", explica Boris Agustin Nef Ulloa, coordenador do curso de teologia da PUC-SP.
No caso do atual papa, a escolha do nome Bento 16 foi um indicativo que ele pretendia continuar na linha do papado de Bento 15, marcado por certo conservadorismo no campo dos costumes.
Bento 16, que renunciou ao papado oficialmente no dia 28 de fevereiro, manteve a posição conservadora da igreja Católica em relação a temas como a homossexualidade e o uso de métodos anticoncepcionais --como os preservativos.
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Em sua primeira audiência como pontífice, em 2005, Bento 16 explicou que fez sua escolha baseado no fato de admirar Bento 15, por ter promovido a paz durante a Primeira Guerra Mundial. Outra razão foi para evocar São Bento de Nursia, um dos patronos da Europa.
Com a sua renúncia, houve incertezas se Ratzinger voltaria a ser chamado pelo seu nome de batismo. O Vaticano, porém, decidiu que ele continuará usando o nome Bento 16 e receberá o título de bispo emérito de Roma.
Costume de mudar nome de batismo do papa começou com Jesus
Segundo a história da Igreja Católica, o costume do papa ter um nome diferente daquele que recebeu no batismo teve início com Jesus Cristo. Ao indicar o pescador Simão para ser o primeiro chefe da Igreja que nascia, Jesus mudou o nome dele para Pedro, dizendo que ele seria a pedra sobre a qual se ergueria a Igreja.
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A tradição foi retomada somente no ano de 533, com a eleição de Mercúrio, que não achava apropriado a um papa ter o nome de um deus pagão romano. Ele optou por homenagear o papa João 1º e escolheu ser João 2º. Até então, na Idade Média, os papas costumavam usar o seu nome de batismo.
Nome do papa sempre é escolhido em latim
O nome do papa é originalmente escolhido em latim, idioma oficial da igreja Católica. Depois, é traduzido nas demais línguas e, por essa razão, a maneira como o papa é chamado muda conforme o idioma. Por exemplo, Benedictus no latim, vira Bento em português; Benedetto em italiano; e Benedicto em espanhol.
Após o anúncio do nome que escolheu, o papa até pode explicar em alguma ocasião por que optou por tal nome, mas não tem o dever de fazê-lo, de acordo com o professor Valeriano Costa, da PUC-SP. Em relação ao nome do próximo papa, que está sendo escolhido no conclave que teve início na última terça-feira (12), nenhum especialista arrisca um palpite.
"Já é difícil prever quem será o escolhido", afirma Bosco "Imagine, então, tentar adivinhar o nome", afirma Bosco.
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