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segunda-feira, 11 de março de 2013

Desoneração da cesta básica não deve ser integral, dizem analistas


O governo buscou o compromisso de empresários em garantir e acelerar o repasse aos preços do corte de tributos da cesta básica em reunião nesta segunda-feira (11), e os supermercados se comprometeram a repassar parte do corte a partir de amanhã.
Segundo analistas, no entanto, os consumidores não devem sentir todo o efeito da medida anunciada na sexta pela presidente Dilma Rousseff. Estimativa feita pelo Bradesco indica que um terço da redução deverá ser absorvido pelos empresários para recompor margem de lucro.
O apelo, feito durante reunião do ministro Guido Mantega (Fazenda) na tarde de hoje com donos de supermercados e empresários da indústria de alimentos, recebeu resposta positiva dos dois setores --mas sem garantia de repasse imediato total da desoneração cobrada pela presidente Dilma, entre 9,25% e 12,5%.
Ao sair do encontro, o presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Fernando Yamada, disse que a partir de amanhã carnes e produtos de higiene devem cair 6% em média e os demais itens, 3%.
Segundo o executivo, o repasse "praticamente" integral aos preços da desoneração da cesta pedida pela presidente pode chegar ao consumidor em até duas semanas --mas depende de decisão da indústria.
Yamada disse que os supermercados estão empenhados em repassar o benefício. "Comunicamos ao ministro que todo o setor está mobilizado para aplicar a desoneração."
Ontem, o Grupo Pão de Açúcar --maior rede varejista do país-- anunciou que sua rede começaria a aplicar hoje a desoneração dos impostos.
Sergio Lima/Folhapress
Ministro Guido Mantega (Fazenda) recebe representantes do setor de supermercados e da indústria de alimentos
Ministro Guido Mantega (Fazenda) recebe representantes do setor de supermercados e da indústria de alimentos
REPASSE PARCIAL
Presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, Edmundo Klotz disse esperar que todo setor repasse a desoneração ao consumidor final, mas não citou um percentual. "Não temos muita noção de quanto será esse repasse. Chegará ao menor nível possível, pois estamos fazendo a nossa parte. Todos devem repassar o máximo do benefício, levando o imposto para próximo de zero".
Questionado sobre a diferença entre a redução dos impostos e dos preços, Mantega respondeu que alguns setores possuem créditos tributários que já não poderiam ser recuperados com o fim dos impostos sobre a cesta básica. "Essas são questões tributárias que vamos tentar resolver", disse o ministro, sem especificar o que poderia ser feito.
Ele afirmou ser importante que a redução dos impostos da cesta básica "chegue logo" às prateleiras para beneficiar a população, para que os índices de inflação "caiam mais rapidamente".
INFLAÇÃO E JUROS
Mantega não falou de taxa de juros no encontro nem quis fazer uma relação com a medida anunciada na última sexta-feira, mas a Folha apurou que o governo decidiu antecipar o seu anúncio, previsto inicialmente para maio, porque a inflação passou a preocupar o Planalto.
Em fevereiro, ela atingiu 0,60% --acima do esperado pela equipe econômica--, fazendo a taxa anualizada atingir 6,31%. Em março, o IPCA deve estourar o teto da meta de inflação --de 6,5%--, o que pode levar o BC (Banco Central) a subir os juros nos próximos meses.
Assessores presidenciais já admitem que dificilmente o BC não subirá os juros, mas acreditam que medidas como a desoneração da cesta básica podem reduzir o tamanho do aperto na taxa caso ele seja realmente feito.
REDE NACIONAL
Na sexta-feira (8), a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo zerou os tributos federais que incidiam sobre a cesta básica de alimentos. Em discurso de 11 minutos em cadeia nacional de rádio e TV, ela disse ter reformulado a cesta básica e incluído produtos de higiene pessoal, limpeza e, segundo ela, "de maior valor nutritivo".
A desoneração de tributos inclui carnes (bovina, suína, aves, peixes, ovinos e caprinos), café, óleo, manteiga, açúcar, papel higiênico, pasta de dente e sabonete, e o impacto anual estimado pelo governo é de R$ 7,4 bilhões --R$ 5,5 bilhões neste ano.
No pronunciamento, a presidente foi direta: "Conto com os empresários para que isso signifique uma redução de pelo menos 9,25% no preço das carnes, do café, da manteiga e do óleo de cozinha e de 12,5% na pasta de dentes e nos sabonetes, só para citar alguns exemplos".

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