Polícia diz que número de prisões na região chega a 144 desde início da operação
Do R7
Nilton Fukuda/AE
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As ações da PM e a suposta falta de condições de prestar apoio aos usuários de drogas da região têm sido alvo de críticas do MP nos últimos dias
A Cracolândia, região no centro de São Paulo conhecida pelo consumo de crack, viveu uma sexta-feira digna do estigma que marca a junção da data semanal com o dia 13. Dez dias após o início da ação da Polícia Militar na área, os usuários - que tinham sido retirados do entorno da rua Helvétia - decidiram retornar. Leia mais notícias do R7
A polícia reagiu com força à volta dos craqueiros e houve confronto. Mesmo com a proibição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na última quarta-feira (11) de a PM usar bombas e balas de borracha contra os usuários, policiais foram flagrados impunhando cassetetes contra várias pessoas para dispersá-las.
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Mesmo com a violência, os usuários continuavam caminhando pela rua Helvétia durante todo o dia. Reclamavam de abusos de violência dos policiais e diziam que não tinha para onde ir. Muitos usavam crack ao ar livre e próximo a polícia. Uma mulher chegou a tirar a blusa durante uma discussão com policiais.
Pela manhã, o Ministério Público chegou a realizar uma reunião com representantes da Polícia Militar, da prefeitura e governo do Estado para discutir as ações na Cracolândia, mas ao final do encontro informou apenas que recebeu dados que não possuia e que segue analisando a situação.
Balanço
A operação que a Polícia Militar realiza na Cracolândia prendeu, até o início desta noite, 144 pessoas desde o último dia 3. As 3.962 abordagens realizadas resultaram na captura de 39 condenados foragidos e na apreensão de 1,649 de crack, 9,967 kg de cocaína e de 16,973 kg de maconha. Ainda de acordo com a PM, 1.332 pessoas foram abordadas por agentes sociais, das quais 878 foram encaminhadas para abrigos.
Equipes de limpeza da prefeitura aproveitam a operação para fazer uma limpeza nas ruas da região. De acordo com o balanço, 88 toneladas de lixo foram retiradas.
O secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, disse em entrevista na quinta-feira (12) que a ação da Polícia Militar na região da Nova Luz, no centro da capital, não tem data prevista para terminar. Ele explicou que a operação vai durar o tempo que for necessário para que as equipes de saúde e de assistentes sociais possam atuar e dar apoio às pessoas. ( Foto: Nilton Fukuda/AE)
Para combater a dispersão de usuários e traficantes, a Polícia Militar dobrou o policiamento nas regiões próximas à Cracolândia. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 287 policiais militares compõem o efetivo da corporação na nova fase da ação. A operação também ganhou mais viaturas. São 117 carros e 26 motos, além do patrulhamento com bicicletas, 40 cavalos, 12 cães farejadores e o helicóptero Águia.
Desde a tarde desta terça-feira (10), a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da PM paulista, faz patrulhamento preventivo pelo centro da cidade. A ideia é evitar novas cracolândias nestas áreas.
Fases
Esta é a primeira fase de um projeto de recuperação dos usuários que se instalaram no centro. Ela deverá ser seguida pela atuação de agentes sociais e de saúde. O objetivo é combater o tráfico de drogas na região, diminuir a criminalidade e recuperar as áreas degradadas. Não há previsão para que a operação acabe.
A prefeitura promete ainda construir um centro para tratamento e alojamento de usuários de drogas, que será localizado na rua Prates.
A ação era planejada em alto nível. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e as cúpulas da Segurança Pública, Assistência Social e Saúde das duas esferas de governo estavam acertando tudo para que o trabalho começasse em fevereiro, após a abertura do centro de atendimento. Eles queriam evitar que os dependentes se espalhassem pela cidade depois do cerco à Cracolândia. No entanto, após uma reunião, o segundo escalão pôs o time em campo sem avisar o Comando-Geral da PM, o governador e a prefeitura.
Neste fim de semana, Kassab negou uma crise por conta disso. Em entrevistas, declarou que a PM não precisa esperar para agir e afirmou que inauguração do centro para usuários de drogas independe da operação deflagrada na última terça. Assista ao vídeo:
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