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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Perímetro urbano tomado pelo garimpo.

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Moradores se assustam ao perceber que, a cada dia, crateras abertas para exploração do ouro chegam ainda mais perto de seus quintais e portas
Geraldo Tavares/DC
Não obstante a degradação ambiental, vai-vem de caminhões e escavações constantes são causadores de doenças respiratórias e poeira sem-fim
ALECY ALVES
Da Reportagem
Pelo menos oito áreas de exploração de garimpo de ouro estão ativas no município de Poconé (104 quilômetros de Cuiabá). Praticamente todas, com exceção de apenas uma, ficam no perímetro urbano. Em alguns pontos, a proximidade entre as crateras e as residências chega a ser assustadora.

Por ser ainda na cidade é possível deparar-se com garimpos mecanizados. Com perfurações de quilômetros de extensão e centenas de metros de profundidade, fazem os tratores e caminhões que lá circulam parecer carrinhos de brinquedo.

E se deixam impressionados quem mora na redondeza, imagine como são vistos pelos turistas. Moradores relatam que os garimpos já se tornaram ponto de visitação daqueles que vão conhecer o Pantanal, especialmente os estrangeiros.

Na rua Antônio João, no Bairro da 13, o garimpo já chegou à cerca de proteção do terreno e fica a menos de 30 metros da casa de dona Laura Inês da Silva. Mãe de dois meninos, um de 3 e outro de 1 ano, Laura diz que vive em sobressalto. Também não é para menos. Há alguns dias, contou ela, pegou o filho Eric, de 3 anos, na cerca de arame olhando para o imenso buraco e os tratores e caminhões que abrem novas frentes e retiram terra em busca do ouro.

Não bastasse o perigo de acidentes, a população é obrigada a conviver com a poeira e o vai-e-vem de caminhões carregados de areia que trafegam pelo bairro sem nenhuma proteção sobre a carga.

Laura reclamou que os filhos dela e de outros moradores sofrem com constantes problemas respiratórios por causa da poeira. Luis Paulo, como preferiu se identificar, também morador do bairro, mostrou-se indignado com a situação. Luiz disse que não entende como os órgãos do meio ambiente autorizam atividades garimpeiras dentro da cidade, na porta das residências. Na avaliação do aposentado Idalino Alves de Assis, 67 anos, os garimpos vão destruir Poconé e os moradores.

Dono de um pequeno bar, Assis teve de pagar por obras na rua onde mora (Otaviano Patrício, no bairro Navaes) para evitar que os caminhões dos garimpos passassem praticamente sobre sua casa. Também isolou seu estabelecimento com lonas pretas na tentativa de reduzir o volume de poeira que invade a casa.

Para dona Justina Maria Amorim Costa, que mora a menos de 50 metros de uma grande área de exploração, o garimpo “é um mal necessário”. Ela, que tem três filhos trabalhando nessa atividade, disse que a extração de ouro é a única fonte de empregos no município.

Entretanto, Justina atribuiu ao garimpo a escassez de água no bairro onde mora, o São Benedito. Ela contou que o poço que havia no quintal secou e, desde então o abastecimento é feito por um caminhão-pipa de propriedade da empresa garimpeira.

A falta d’água obrigou dona Justina e o marido, Miguel Gonçalves da Costa, a construir dois reservatórios, um no solo e outro superior, e a comprar tambores, além de baldear água para beber de uma bica privada do centro da cidade. A água do caminhão-pipa, que passa uma vez por semana na casa dela, não serve para consumo humano.

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