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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Plano do funeral de Mandela será prova máxima para África do Sul

PUBLICIDADE DAVID SMITH DO "GUARDIAN", EM JOHANNESBURGO Ouvir o texto Morre Mandela A África nunca terá visto nada igual. Em meio a tristeza inimaginável, a morte de Nelson Mandela será marcada pelos maiores eventos jamais organizados no continente, e que serão acompanhados pelo maior número de pessoas. O presidente sul-africano, Jacob Zuma, disse na noite de quinta-feira: "Nosso amado Madiba terá um funeral de Estado. Dei ordem para que todas as bandeiras da República da África do Sul sejam hasteadas a meio-pau e que continuem a meio-pau até depois do funeral." Multidão homenageia Mandela diante de sua antiga casa em Soweto Desigualdade de renda superou até a do apartheid Mandela se transformou num monumento à tolerância após prisão O funeral vai rivalizar com o do papa João Paulo 2º, em 2005, que teve a presença de cinco reis, seis rainhas e 70 presidentes e primeiros-ministros, além de 2 milhões de fiéis. O mais próximo disso que já se viu no Reino Unido talvez tenha sido o funeral de Estado dado a Winston Churchill em 1965. Nelson Mandela Ver em tamanho maior » AnteriorPróxima Acervo Fundação Nelson Mandela AnteriorPróxima O jovem Mandela (último à direita) em cerimônia de passagem para a idade adulta A expectativa é que todos os presidentes americanos vivos compareçam, desde que sua saúde o permita, ao lado de dignitários estrangeiros que irão desde o príncipe Charles até o presidente zimbabuano, Robert Mugabe. Celebridades que se consideravam próximas de Mandela, como Oprah Winfrey, também deverão estar presentes. Tudo isso assinala um pesadelo sem precedentes de planejamento e segurança para a África do Sul, no exato momento em que o país está mergulhado no luto pela figura vista como pai da nação. É provável que o país virtualmente pare por duas semanas enquanto a morte de Mandela for marcada de várias maneiras, algumas das quais espontâneas e imprevisíveis. "Ele é o herói do planeta", disse um diplomata estrangeiro de alto nível. "Será o maior funeral de Estado desde Winston Churchill, e acho que qualquer país teria dificuldade em organizar algo assim." Um documento interno do governo sul-africano ao qual o "Guardian" teve acesso define uma programação provisória de 12 dias a partir do momento da morte. Embora o documento tenha sido redigido mais de um ano atrás e seja sujeito a revisões, oferece uma visão de como as autoridades se prepararam para um momento ímpar na história. "Corpo será levado para o necrotério sob guarda policial. Planos para possível cobertura ao vivo sendo estudados", diz o documento para o dia um. "Livros de condolências serão abertos em todas as missões estrangeiras, na Fundação Nelson Mandela, na Union Buildings [residência oficial e gabinete do presidente da África do Sul] e possivelmente no Museu Mandela em Soweto", está previsto para o dia dois. No dia três, diplomatas estrangeiros receberão um briefing em Pretória e serão discutidos os aspectos logísticos do velório de Mandela. No dia quatro, vários dignitários visitarão a família de Mandela. No dia seis haverá uma cerimônia religiosa memorial com a presença de dignitários e líderes de organizações, "com o corpo presente. O presidente Jacob Zuma fará um discurso, haverá telões do lado de fora da Prefeitura, e possivelmente em Soweto, Cidade do Cabo e vários outros lugares." Vigília por Mandela Ver em tamanho maior » AnteriorPróxima Siphiwe Sibeko/Reuters AnteriorPróxima Em Johannesburgo, pessoas se confortam diante da casa do ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, que morreu aos 95 anos e deixou o país em luto De acordo com o documento provisório, no dia oito o corpo de Mandela será levado à sede da Prefeitura de Pretória, onde será velado por três dias. "O corpo ficará no local até muito tarde cada dia e então removido para ser preparado para o dia seguinte... dentro de um féretro coberto de vidro, para possibilitar a visualização." No dia nove, as forças armadas farão um ensaio do funeral oficial de Estado na Union Buildings, onde Mandela tomou posse como presidente após a primeira eleição democrática no país, em 1994. Chefes de Estado de vários países chegarão aos aeroportos de Pretória e Johannesburgo. Haverá mais chegadas no dia 10, e ruas serão fechadas. "Todas as medidas de segurança serão implementadas. Os preparativos finais na Union Buildings incluirão a entrega de equipamentos a serem usados na cerimônia. O corpo será levado mais tarde para ser preparado pela última vez." No dia 11 terá lugar uma procissão do mortuário até a Union Buildings, seguida por um funeral de Estado no anfiteatro da Union Buildings, com a presença de chefes de Estado. A cerimônia será transmitida em telões espalhados pelos jardins da Union Buildings e na Prefeitura de Pretória, onde é aguardada a presença de uma multidão maciça. O memorando diz ainda: "Após a cerimônia o corpo será retirado e mais tarde, durante a noite, levado de avião pelos militares até Qunu (a aldeia natal de Mandela, na província do Cabo Oriental) para o sepultamento final". Para o dia final do plano está previsto: "Procissão matinal pelas ruas e então até a casa da família para o sepultamento final no complexo residencial da família Mandela, não no cemitério familiar". Entre os convidados ao funeral de Estado é quase certo que estejam Barack Obama, sua mulher, Michelle, que visitou Mandela na África do Sul em 2011, e as filhas do casal, além de Bill e Hillary Clinton, que o conheciam bem. Está prevista também a presença de ex-presidentes americanos e de grandes delegações de ministros e parlamentares. Uma fonte da alta comissão britânica em Pretória disse que está prevista a presença também do príncipe Charles e do primeiro-ministro britânico. Os aliados do Congresso Nacional Africano na África e fora dela, como em Cuba, também devem ter presença destacada, ao lado de chefes de Estado e membros de famílias reais de todo o mundo. Mas as autoridades sul-africanas teriam dito a diplomatas que não devem esperar que seus dignitários recebam tratamento VIP --que a prioridade será dada a sul-africanos, depois a líderes africanos e a outros movimentos de libertação, enquanto o resto do mundo virá depois. Os eventos vão atrair um exército imenso de equipes de jornalismo internacionais, repórteres, fotógrafos e analistas, alguns dos quais vinham se preparando havia anos para este momento. Consta que grandes redes de TV já reservaram há muito tempo sacadas de hotéis que dão para a Union Buildings, além de casas em Qunu. Mesmo assim, é provável que haja uma disputa acirrada por hospedagem e pelos melhores pontos desde os quais acompanhar e filmar os eventos. Longe desses pontos focais principais, haverá eventos memoriais em cidades e vilas em todo o país. A África do Sul é um misto bizarro de modernidade high-tech e infraestrutura insuficiente, e às vezes as duas coisas se vêem lado a lado. Os próximos dias vão testar como nunca antes sua capacidade de sediar um evento global, deixando muito para trás os desafios criados pela Copa do Mundo de 2010, que foi amplamente saudada como triunfo, desmentindo os céticos. Tradução de CLARA ALLAIN

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