Heróis e monstros do cotidiano.

Cam, o temido, está preso

As sociedades não conseguem passar muito tempo sem seus heróis ou monstros ou os dois. O Rio
Grande do Norte é assim, Mossoró foi e é assim. Pior: vai continuar sendo.

Até dezembro de 2003, José Valdetário era considerado um monstro pelo Estado e um herói em sua cidade, Caraúbas. As vizinhas também. Valdetário fez por merecer os dois títulos.

Nos últimos meses assisti em Mossoró o nascimento de um monstro, para o Estado. O nome dele é Francisco Emanuel Pereira da Silva, de 18 anos, residente na Boa Vista.

Francisco Emanuel, que tem como apelido Cam, já começa ‘bem’ rumo ao processo de transformação em monstro. A Polícia acredita que ele já matou pelo menos 10.

A polícia diz também que Cam, quando menor, confessou ter matado quatro pessoas na zona sul da cidade. Também não se sabe ao certo se ele é traficante, assaltante ou os dois

O fato é que Cam vai retornar para o CEDUC (uma espécie de faculdade do crime) e nos próximos meses, fugindo ou pela porta da frente, irá regressar as ruas para o convívio social. De 3 anos não passa.

O fato é: transferindo tudo quanto é ruim para Cam, transformando-o num monstro não será preciso esforço para concluir que Cam é produto do meio e que existem muitos deles.

Botando a culpa no Cam ou outro da espécie, não vão procurar entender que o problema não está no Cam e sim numa sociedade doente, que educa errado seus filhos, que não pune os criminosos corretamente e que procura a vingança ao invés do perdão.

Pelas estatísticas, o futuro de Cam não é bom. Se seguir o destino dos outros, provavelmente vai ser executado por dois homens numa moto que não serão presos pela Polícia. Assim caminha Mossoró num desgoverno total no que se trata de segurança pública.