Publicação: 07 de Setembro de 2011 às 00:00
Roma (AE) - A Confederação Geral do Trabalho da Itália (CGIL em italiano), maior central sindical da Itália, iniciou uma greve nacional ontem para protestar contra medidas de austeridade do governo classificadas como "irresponsáveis e injustas". A manifestação ocorreu no mesmo dia em que o Senado italiano debate o plano proposto pelo governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi que prevê cortes de 45,5 bilhões de euros em 2011 e 2012 para equilibrar o orçamento. O Senado deverá votar o pacote na manhã desta quarta-feira.
luca bruno/ap/aeManifestantes realizam protesto no centro da Milão contra as medidas do governo Berlusconi, consideradas irresponsáveis e injustas
A greve de oito horas afetou o transporte púbico, incluindo o tráfego aéreo. Cerca de 200 voos foram cancelados em Roma e Milão, enquanto os metrôs das duas maiores cidades italianas não funcionaram. Cerca de 50% dos trens, segundo a agência Ansa, ficaram parados nas estações. A CGIL estima que 58% dos trabalhadores sindicalizados aderiram à greve e nos transportes o total de trabalhadores chegou a 70%.
"Essa é uma greve geral contra uma manobra injusta e, como estamos vendo, irresponsável", disse a dirigente da CGIL, Susanna Camusso. Ela se referia ao artigo 8 da lei trabalhista, o qual poderá ser revogado para facilitar as demissões dos trabalhadores. Duas centrais sindicais importantes, embora menores que a CGIL, não participaram da greve e manifestaram preocupações com a situação da Itália. Foram a União Italiana do Trabalho (UIL) e a Confederação Italiana dos Sindicatos dos Trabalhadores (CISL).
O governo italiano está sob pressão de instituições europeias e dos mercados nervosos para que aprove rapidamente o plano de austeridade multibilionário. Ontem, o governo ganhou apoio da Cofindustria (entidade patronal), à quinta versão do pacote. Essa versão prevê aumento de 20% para 21% no Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), o aumento na idade para aposentadoria das mulheres de 60 para 65 anos (a partir de 2014), e um imposto de 3% sobre os muito ricos, que ganham acima de 300 mil euros por ano.
Para a oposição, o pacote irá penalizar apenas os contribuintes, os consumidores e a maioria da população e não os ricos. "Nós não entendemos porque, ao invés do IVA, o governo aumentar imposto sobre os grandes patrimônios imobiliários", disse Luigi Bersani, Partido Democrático.
Plano será levado ao Parlamento
No mais recente sinal de que a pressão está aumentando para que Berlusconi e sua coalizão conservadora revisem o pacote de austeridade, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, emitiu comunicado pedindo que o governo proponha "medidas capazes de reforçar a eficácia e a credibilidade" da austeridade do país. O governo está agora determinando a apresentar seu plano ao parlamento até 15 de setembro, mas pode pedir um voto de confiança sobre o pacote de austeridade no Senado para acelerar a votação final na Câmara Baixa.
O pacote também tem a finalidade de persuadir o Banco Central Europeu (BCE) a continuar comprando os bônus italianos, cujo yield (retorno ao investidor) tem alcançado níveis recorde em meio a temores de que o país possa sofrer um contágio da crise da dívida soberana que engolfou a Grécia.
Os custos da Itália para emprestar dinheiro no mercado subiram nesta semana, apesar de um programa em curso do Banco Central Europeu (BCE) para comprar títulos italianos no mercado. O dirigente do banco central italiano, Mario Draghiu, alertou na segunda-feira que a Itália não deveria dar como certo o apoio do BCE. Draghi deverá substituir Jean Claude Trichet como dirigente do BCE. "O programa de compra dos títulos italianos é temporário" afirmou Draghi. "Ele não pode ser usado para evitar o princípio fundamental da disciplina orçamentária".
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