Minha lista de blogs

sábado, 17 de setembro de 2011

Carro importado: será difícil segurar preço

Publicado em 17 de setembro de 2011
Clique para Ampliar

Medida do governo deve desestimular vinda de empresas estrangeiras, valorizando o mercado nacional
DIVULGAÇÃO
Clique para Ampliar
Lupi: decisão foi acertada e privilegia emprego e renda no País
ALEX COSTA
Fábricas asiáticas que não possuem 65% de conteúdo nacional e regional devem ser as mais afetadas
A medida que aumentará, em 30 pontos percentuais o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre carros importados, cujas fábricas possuem menos de 65% de conteúdo nacional e regional, deverá impactar nos preços de marcas como Kia, SSangYong, Hyundai e Chery, que têm conquistado cada vez mais espaço nas ruas de Fortaleza. A estimativa é do presidente da Fenabrave-CE (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Fernando Ponte, que citou essas empresas como "as que vão sofrer muito".

Conforme avalia, as asiáticas que não estão há muito tempo no mercado brasileiro, com fábricas e aparato locais, dificilmente vão conseguir segurar os atuais valores.

Medida corajosa
De acordo com Ponte, a medida do governo foi "corajosa" e "salutar" para fortalecer a indústria automobilística nacional, tanto de montadoras como de autopeças.

"Alguns desses carros estão vindo para cá sem uma estrutura adequada de pós venda, de peças, de manutenção. E a medida, de certa forma, pune aquelas que não vierem respaldadas desses fatores", avalia.

A partir do momento em que essas empresas nacionalizarem seu processo produtivo, diz, elas não se enquadrarão mais no imposto aumentado, o que, afirma, estimula o uso maior de mecanismos brasileiros.

No entanto, de acordo com Ponte, o incremento do IPI para os importados pode, naturalmente, desmotivar a chegada de outras companhias do exterior. "Mas importante mesmo é você estimular o mercado local, as empresas que estão aqui gerando renda e emprego no nosso País", pondera.

Tradicionais são isentas
Ponte lembra que, no caso de marcas de fora do Brasil que já estão consolidadas aqui há muito tempo e contam com uma linha de montagem já nacionalizada, o imposto fica como está. "Fiat, GM, Ford, Volkswagen (entre outras) estão isentas".

O ministro Guido Mantega, da Fazenda, estimou que o incremento no valor do imposto deve redundar em um encarecimento de 25% a 28% no valor final dos automóveis.

Por meio de nota, a Fenabrave nacional disse que considera o momento ainda muito "prematura" para mensurar impactos para o consumidor.

Washington Araruna, diretor das concessionárias Água Fria e Nova Luz, que negociam carros da marca Honda em Fortaleza, afirmou que os automóveis da empresa, como o Fit, Civic e City, não serão afetados. "(A mudança) não nos atinge. Desde 1995, existe fábrica da Honda no Brasil", informa.

Em prol do País
Araruna avalia a medida como positiva, a partir do momento que favorece a quem produz e gera renda em território brasileiro. Contudo, diz, a tendência é de que a notícia não seja bem-vinda por parte do consumidor: "Sempre que você aumenta preço, é mal visto".

A reportagem tentou contato com concessionárias de outras marcas na Capital, mas não conseguiu pessoas aptas para comentar o tema.

Neste mês, o Estado do Ceará chegou a marca de 100 mil veículos importados, de acordo com dados do Detran. No ano passado, havia 94.800 automóveis desse tipo.

EMPREGO E RENDA
Proteção à indústria nacional celebrada
Ministro defendeu que a melhor forma de evitar contágio da crise no Brasil é protegendo o mercado interno
Brasília. O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, comemorou a decisão do governo de adotar medidas para proteger a indústria nacional de produção de automóveis. "A decisão foi acertada, pois está privilegiando emprego e renda no Brasil", avaliou o ministro, segundo informou sua assessoria. Na opinião de Lupi, a melhor forma de se evitar o contágio da crise internacional no Brasil é por meio da proteção ao mercado interno.

Na quinta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que aumentará a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 30 pontos porcentuais. Assim, o imposto que incidia sobre a produção de um veículo, de 7%, por exemplo, passará a ser de 37%. Para fugir do aumento da taxa, as montadoras terão de investir em pesquisa e desenvolvimento, ter 65% da produção com conteúdo nacional e ainda atender a seis itens de uma lista de 11 fornecida pelo Ministério da Fazenda. Na prática, a medida pega em cheio os carros importados da Ásia, já que o Brasil tem acordos com os países do Mercosul e o México.

Para garantir o quadro de trabalhadores nas montadoras nacionais, Lupi já havia defendido, na quarta-feira, o aumento do Imposto de Importação para veículos estrangeiros. "Como tivemos um crescimento das importações muito grande, tem que subir o imposto e, se for o caso, baixar o IPI", argumentou.

O ministro fez essa defesa com base no que chamou de dois indícios claros de que o setor está passando por uma fase complicada: o aumento da compra de carros importados e a diminuição da contratação no setor, além dos anúncios de férias coletivas que as montadoras têm feito.

Repasse ao consumidor
O anúncio de elevar o IPI para carros importados que tenham menos de 65% do carro produzido em solo nacional pode não ser repassado em grande parte ao consumidor, de acordo com José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil). "As asiáticas devem segurar os preços em um primeiro momento. Não deve haver um aumento grande neste ano".Continua nas páginas 2 e 8

VICTOR XIMENESREPÓRTER

Nenhum comentário:

Postar um comentário