Emanuel Amaral
Fausto Landim, de 14 anos, e João Ferreira Lucas, de 66 anos, aguardavam ontem atendimento há mais de 24h em cadeiras de rodas no HWG

Como anunciado na última segunda-feira, o Conselho de Medicina irá denunciar o Governo do Estado por desrespeitar os direitos humanos no Hospital Walfredo Gurgel, maior unidade de saúde do RN. Ontem, Aloísio Tibiriçá, segundo vice-presidente do CFM, e José Morisseti, representante da Fenam, visitaram o Walfredo Gurgel no intuito de colher imagens e informações que irão fundamentar o pedido de intervenção e a denúncia na Corte Interamericana. Lá puderam presenciar pacientes alojados em macas no chão, falta de materiais hospitalares importantes, como respiradores e tubos de oxigênio e uma fila de 91 pacientes à espera de cirurgias ortopédicas.
Após a visita ao Hospital Walfredo Gurgel, os representantes se reuniram com a governadora Rosalba Ciarlini. Foi uma reunião tensa, com uma discussão marcada pelo tom áspero das duas partes. Aloísio Tibiriçá e José Morisseti defenderam com veemência a necessidade de uma intervenção federal no Rio Grande do Norte. Para isso, tomaram como base "a questão orçamentária e a incompetência administrativa". Em outras palavras, as entidades médicas acreditam que o Ministério da Saúde, por ter participação efetiva em boa parte do financiamento do sistema estadual, precisa gerir a Secretaria de Saúde, "já que o governo tem dado sinais de que não consegue lidar sozinho com a situação", disse Aloísio Tibiriçá.
Ao ouvir a cobrança, que foi feita de forma incisiva, a governadora Rosalba Ciarlini retrucou: "Meu amigo, você tem alguma fórmula para fazer milagre e resolver em uma semana? Se tiver, eu anoto". O clima continuou pesado quando o representante da Fenam, José Morisseti, avisou que seria confeccionado um relatório acerca das violações de direitos humanos no Hospital Walfredo Gurgel. Rosalba Ciarlini pediu para que o relatório fosse entregue ao governo. Morisseti retrucou: "Nós não vamos entregar relatório nenhum. Nós vamos denunciar o governo".
Dentre os inúmeros pontos debatidos, o embate entre as partes se mostrou acirrado ao se falar sobre as supostas violações de direitos humanos, a greve dos médicos em curso no RN e os resultados alcançados com o decreto de calamidade pública, que data de mais de dois meses atrás.
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