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domingo, 31 de agosto de 2014

ARTIGO!! Editorial: A dura realidade do PIB


  
Para quem acompanha os números da economia brasileira, não houve surpresa alguma com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre divulgado, na sexta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mas agora é oficial: o Brasil está em recessão “técnica”, ou seja, o país teve crescimento negativo por dois trimestres seguidos. Entre janeiro e março, a queda foi de 0,2% e, entre abril e junho, foi de 0,6%. Não foi surpresa porque todos os indicadores que compõem os fundamentos da economia apontam para um país estagnado.
Foram surpreendidos apenas aqueles que acreditam no mundo de fantasia que o governo vem buscando criar: a cada número ruim da indústria ou do comércio - e não foram poucos nos últimos anos - indicando a crise na economia, os economistas oficiais e a própria presidente Dilma Rousseff aparecem para minimizar os dados e anunciar que a recuperação está próxima.
Os números oficiais do IBGE sobre o PIB revelam uma realidade bem mais dura. O investimento caiu 5,3% no segundo trimestre e a queda em comparação com mesmo período do ano passado é de 11%. Esse resultado levou a taxa de investimento da economia para o pior patamar desde 2006: 16,5% do PIB. É um dado assustador porque a recuperação é difícil.
Os empresários - aqueles que investem - estão retraídos com a elevação dos juros e a bomba-relógio da crise energética. Pesquisas da CNI mostram que a confiança do setor industrial nunca esteve tão baixa. A confiança dos agentes econômicos de outras áreas (comércio, serviços, consumidores e construção) também está caindo há meses e chegou ao menor nível dos últimos cinco anos.
Outra péssima notícia dos números oficiais do IBGE veio do setor de serviços, que foi o maior responsável pelo crescimento da economia brasileira nos últimos anos. Agora, no segundo trimestre de 2014, os serviços - setor de maior peso, quase 70% do PIB, na economia do país - tiveram queda de 0,5%: o setor não tinha números negativos desde o último trimestre de 2008, quando a crise internacional assustava o mundo.
Para superar essa recessão, o primeiro passo é enfrentar a dura realidade e o governo ainda não parece disposto a avançar nessa direção. Após o anúncio do IBGE, o ministro Guido Mantega apareceu para negar a crise e dizer que não há recessão com emprego em baixa e renda em alta - como se os sinais de que isso é insustentável também não fossem evidentes.
A própria presidente Dilma afirmou que a queda do PIB era ‘momentânea’. As declarações são mais alarmantes que os números. O governo finge não ver que a recessão é um indicador de que o país chegou ao fundo do poço econômico. E isso pode tornar o poço ainda mais fundo.

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